Pai confessa ter matado filho autista de 11 anos em João Pessoa para não pagar pensão alimentícia, diz delegado

4 nov 2025 - Paraíba

Davi Piazza Pinto foi preso em flagrante, neste domingo (2), suspeito de matar o próprio filho, um menino autista de 11 anos — Foto: Reprodução

O pai do menino Arthur Davi Velasquez, de 11 anos, que era autista e tinha deficiência visual, confessou à polícia que matou o próprio filho para não pagar pensão alimentícia. A informação foi confirmada pelo delegado Bruno Germano, da Polícia Civil da Paraíba, em entrevista à CBN João Pessoa nesta terça-feira (4).

O suspeito, Davi Piazza Pinto, de Florianópolis (SC), afirmou em depoimento que estava endividado e que o valor mensal da pensão, cerca de R$ 1.800, o levou a cometer o crime. Ele foi preso no domingo (2), após se entregar à polícia catarinense e confessar o homicídio.

“Recebemos os depoimentos da Polícia de Florianópolis do procedimento realizado lá, e ele confessou que matou a criança por asfixia dentro de um apartamento. O laudo confirmou que a causa da morte foi asfixia. Ele disse que estava apertado financeiramente, que pagava religiosamente a pensão de R$ 1.800 e decidiu vir pra cá para matar a criança e se livrar dessa dívida. Uma motivação totalmente fútil”, afirmou o delegado Bruno Germano.

Segundo as investigações, o crime ocorreu na sexta-feira (31) em um apartamento em João Pessoa. Após matar o menino, Davi colocou o corpo em um saco plástico e o levou em um carro de aplicativo até uma área de mata no bairro Colinas do Sul, onde o enterrou em uma cova rasa. O corpo foi encontrado na noite do sábado (1º), parcialmente coberto por terra.

Pai que confessou matar filho autista em João Pessoa respondeu mensagens da mãe após crime: “Tudo bem sim. Fica tranquila” — Foto: Reprodução

A mãe do menino, Aline Lorena, contou em entrevista à TV Cabo Branco, durante o enterro da criança, que havia preparado todos os cuidados necessários para o período em que Arthur ficaria com o pai. Ela afirmou que não desconfiava de qualquer risco e que o ex-companheiro havia dito que queria reaproximar-se do filho.

“Tudo foi muito combinado. Um dia antes eu expliquei: ‘o Arthur é assim, ele come assim’. Fui ao mercado, comprei o que ele gostaria de comer, arrumei a roupinha dele, o fone abafador, porque ele era uma criança autista e podia se irritar. Pedi que me avisasse se algo acontecesse”, relatou a mãe.

Aline disse ainda que acompanhou o encontro do pai com o filho e chegou a se oferecer para ajudar nos cuidados, por causa das necessidades específicas da criança.

“Deixei tudo certo. Dei banho, alimentei o menino e quis ficar mais um pouco, mas ele [o pai] falou: ‘pode ir, eu cuido’. Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer. O Arthur foi uma criança incrível, nasceu de 5 meses, com 800 gramas. Lutamos a vida toda por ele. O que aconteceu só cabe à Justiça agora”, afirmou, emocionada.

Mãe de menino autista morto pelo pai em João Pessoa diz que deixou tudo preparado para a estadia do filho: “Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer” — Foto: Reprodução

De acordo com a Polícia Civil, Davi viajou de Florianópolis para João Pessoa com a intenção de cometer o crime, sob o pretexto de visitar o filho. O delegado Bruno Germano classificou o caso como “de extrema frieza e crueldade”.

“Ele veio com a desculpa de querer conviver com o filho, mas já tinha o plano de matá-lo. Trata-se de um crime premeditado, motivado por uma questão financeira. A alegação de que queria se livrar da pensão mostra um total desprezo pela vida da criança”, ressaltou o delegado.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a causa da morte foi asfixia por sufocação, e outros exames complementares, como o toxicólogico, ainda estão sendo analisados.

O corpo de Arthur Davi Velasquez foi sepultado nesta segunda-feira (3), no Cemitério do Cristo Redentor, em João Pessoa.

A Polícia Civil da Paraíba continua investigando o caso, incluindo a possível participação de terceiros no transporte do corpo. O suspeito permanece preso em Florianópolis, à disposição da Justiça paraibana, e deve ser transferido para João Pessoa nos próximos dias.

Corpo de criança morta pelo pai foi enterrado nesta segunda-feira (3), em João Pessoa

O POVO PB

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