MPF e Forças de Segurança intensificam combate à infiltração de facções criminosas nas eleições da Paraíba

23 jul 2024 - Paraíba / Política

MPF-PB — Foto: Reprodução/Google Street View

O procurador do Ministério Público Federal, Renan Paes Félix, abordou em entrevista ao programa Bom Dia Paraíba da Tv Cabo Branco nesta segunda-feira (23) um dos temas mais preocupantes para as eleições no estado: a infiltração de organizações criminosas nas comunidades, que ameaça a livre escolha do eleitor. Este é um problema complexo que exige uma resposta integrada de todos os órgãos do sistema de justiça e de segurança pública da Paraíba.

“Estamos focados em combater a infiltração de organizações criminosas, de facções criminosas nas comunidades, de modo a impedir ou embaraçar a livre escolha do eleitor. Este é um problema complexo que demanda uma resposta também complexa, uma resposta integrada de todos os órgãos do sistema de justiça e de segurança pública do nosso estado. Não é uma questão que vai ser resolvida exclusivamente pela justiça eleitoral”, afirmou Renan Paes.

O procurador destacou a necessidade de convocar a polícia civil, polícia militar, órgãos de inteligência e desenvolver um planejamento integrado para enfrentar essa ameaça. Ele ressaltou que os órgãos de segurança pública da Paraíba estão capacitados e aparelhados para realizar esse trabalho necessário.

Essa atuação coordenada é fundamental para garantir que as eleições transcorram de forma livre e justa, permitindo que os candidatos façam campanha e participem de debates sem interferências criminosas. O procurador ressaltou a importância do controle rigoroso e incisivo sobre essas facções para preservar a democracia e a segurança da população.

Apesar de não ser um fenômeno novo na Paraíba, a atuação mais agressiva dessas facções nos últimos anos, especialmente nas regiões periféricas da Grande João Pessoa, tem aumentado as preocupações. A briga entre grupos rivais tem provocado mortes e ameaças, dificultando o trabalho dos candidatos em determinadas áreas.

Em eleições anteriores, como em 2016 e 2022, já foram registrados casos de interferência de facções no processo eleitoral. Este ano, com a maior organização e agressividade desses grupos, há uma necessidade ainda maior de ações coordenadas e amplas para evitar a contaminação do processo eleitoral.

Operação Mandare:

A Operação Mandare investiga uma possível relação entre um grupo criminoso com secretarias da Prefeitura de João Pessoa. Conforme a Polícia Federal, o grupo estava articulando a obtenção de vantagens, como cargos públicos, em órgãos como as secretarias municipais de Saúde e de Direitos Humanos e Cidadania de João Pessoa e a Empresa de Limpeza Urbana (Emlur).

Operação da Polícia Federal investiga atuação de grupo criminoso em órgãos da Prefeitura de João Pessoa — Foto: Reprodução/Polícia Federal

Entre os alvos da investigação está a filha do prefeito Cícero Lucena e secretária executiva de Saúde, Janine Lucena. O prefeito afirmou que apoia a investigação da PF e prometeu rigor com servidores, que tenham relação comprovada com as irregularidades apontadas.

Conforme a Polícia Federal, um integrante da facção criminosa que tem posição de liderança na organização, identificado como Jossênio Silva dos Santos, articulou a obtenção de cargos em órgãos públicos em troca de conceder apoio à entrada de agentes municipais em comunidades controladas ou que sofrem influência do crime organizado.

As informações que desdobraram na operação foram conseguidas pela polícia a partir da quebra do sigilo telefônico e telemático do integrante da organização criminosa. O celular do suspeito foi apreendido em uma inspeção de rotina no local em que ele está preso, a Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, conhecido como PB1.

No celular, havia imagens, vídeos, diálogos e áudios que, segundo a PF, indicam a prática de tráfico interestadual de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo a investigação, o preso responde a vários processos, entre eles o de matar uma mulher que segurava um bebê nos braços, enquanto outras quatro crianças olhavam.

Em nota, a prefeitura de João Pessoa afirmou que se colocou à disposição para cooperar com as investigações da Polícia Federal. Além disso, o órgão disse também que “condena veementemente qualquer tipo de ato ilícito”. Também foi informado que foi determinado procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos servidores citados na investigação.

O POVO PB

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