Auditoria do TCE-PB aponta que Alanna Galdino foi funcionária fantasma e recomenda suspensão de posse como conselheira
15 abr 2025 - Paraíba / Política
Alanna Galdino — Foto: Divulgação
Uma auditoria técnica realizada pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) identificou irregularidades no processo de nomeação de Alanna Camilla Santos Galdino Vieira ao cargo de conselheira da Corte. O relatório conclui que ela teria sido “funcionária fantasma” da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) do Governo da Paraíba e recomenda a suspensão imediata da posse, por meio de medida cautelar, até o julgamento definitivo do caso.
Alanna Galdino, filha do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Adriano Galdino (Republicanos), foi indicada e teve o nome aprovado pelo plenário da Assembleia no dia 18 de março deste ano. No entanto, sua nomeação foi suspensa por decisão judicial em 3 de abril, posteriormente revogada no dia seguinte. Desde então, o caso tem sido alvo de questionamentos públicos e jurídicos.
Segundo a auditoria, Alanna ocupou, por diversos períodos entre 2012 e 2025, o cargo comissionado de “agente de programas governamentais” na Subgerência de Apoio Administrativo da Seplag, sem deixar qualquer comprovação de efetiva prestação de serviço. Os auditores afirmam que não há registros de produção funcional, presença, ou mesmo de acesso aos sistemas internos da Secretaria. “As evidências demonstram que a Sra. Alanna Camilla Santos Galdino Vieira sequer tinha cadastro como usuária dos sistemas informatizados utilizados pela Seplag”, afirma o documento.
Ainda de acordo com o levantamento técnico, mesmo sem trabalhar, ela teria recebido R$ 646.972,40 em salários ao longo dos anos em que esteve nomeada. A auditoria também aponta que Alanna não comprova os requisitos constitucionais mínimos para o cargo de conselheira, como experiência de, no mínimo, 10 anos em áreas como direito, contabilidade, economia ou administração pública. O relatório considerou como insuficientes os cursos de curta duração, especializações iniciadas recentemente e a falta de experiência prática comprovada.
Nepotismo e rito acelerado
O relatório do TCE-PB também cita indícios de nepotismo direto, uma vez que a indicação partiu do próprio pai da nomeada, o presidente da ALPB, Adriano Galdino, que teria atuado pessoalmente para garantir assinaturas de apoio à candidatura da filha. Também há indícios de nepotismo cruzado, já que Alanna ocupava cargo comissionado no Executivo antes de ser indicada pelo Legislativo.
A condução do processo de escolha também foi criticada pelos auditores. Eles consideram que o rito foi “célere e pouco transparente”, com duração de apenas 13 dias e sem a realização de sabatina, que, segundo o parecer, é obrigatória para esse tipo de nomeação.
Encaminhamentos
O relatório recomenda a concessão de medida cautelar para suspender a posse de Alanna Vieira como conselheira até que haja um julgamento final. O documento também sugere o encaminhamento do caso ao Ministério Público Estadual, para apuração de possível improbidade administrativa e prejuízo ao erário.
Embora ainda não represente a posição oficial do Tribunal de Contas, a auditoria será analisada pelo conselheiro relator, Antônio Nominando Diniz Filho. O julgamento está previsto para ocorrer no próximo dia 23 de abril.
A nomeação de Alanna Galdino também está sendo questionada pelo Ministério Público de Contas (MPC), que aponta supostas violações a princípios constitucionais e a ausência dos requisitos legais para o cargo.
O POVO PB com g1
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