Comemoração de Iemanjá na Paraíba em 8 de dezembro: raízes históricas e a falta de restauração da praça pela PMJP

2 dez 2023 - Eventos / Paraíba

Iemanjá é festejada em João Pessoa — Foto: Walter Paparazzo/G1 PB

No dia 8 de dezembro, a Paraíba celebra, tradicionalmente, a orixá Iemanjá, reverenciada nas religiões do candomblé e da umbanda. Conhecida como a “Rainha do Mar”, Iemanjá é uma figura religiosa de destaque em todo o Brasil. Apesar disso, oficialmente, essa data comemora o Dia de Nossa Senhora da Conceição em João Pessoa, feriado na capital paraibana.

Uma conversa com Pai Elialdo, para compreender melhor as raízes históricas desta data na Paraíba e as razões pelas quais ela difere de outros estados, como a Bahia e o Rio de Janeiro, onde são observadas datas distintas para a celebração da orixá.

Iemanjá, conhecida como mãe dos orixás e protetora dos marinhos, tem sua origem no culto das religiões de matriz africana trazido para o Brasil durante a colonização portuguesa, período marcado pelo tráfico de pessoas escravizadas.

O nome “Iemanjá” deriva de uma expressão iorubá, povo do norte da África, que significa “mãe cujos filhos são peixes”. Ela é venerada como a divindade que domina o mar, e seus seguidores frequentemente fazem preces antes de se aventurarem nas águas.

Devido ao sincretismo religioso, no catolicismo, Iemanjá é associada a diversas manifestações católicas, como Nossa Senhora do Navegantes, Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria.

Em relação à comemoração de Iemanjá em 8 de dezembro na Paraíba, Pai Elialdo contextualizou que essa data remete a um período marcado pelo preconceito religioso, quando as religiões de matriz africana eram proibidas no estado. Relatou que, na década de 60, qualquer religião que não fosse o catolicismo era terminantemente proibida.

Nesse contexto de intolerância, os cultos relacionados a Iemanjá eram reprimidos com violência pelas autoridades, recorda Pai Elialdo.

Porém, a situação começou a mudar com leis promulgadas pelo então governador João Agripino, entre 1966 e 1971. A lei 3.443, sancionada por ele, garantiu a expressão dos cultos afro-paraibanos, marcando um marco na liberdade religiosa do estado.

Os líderes religiosos optaram pelo dia 8 de dezembro como homenagem a Iemanjá e, em agradecimento à lei do governador, realizaram a primeira celebração em frente à residência do governante.

Embora o dia 8 de dezembro seja a data para a celebração da orixá na Paraíba, em outros estados, a data difere. Na Bahia, o Dia de Iemanjá é em 2 de fevereiro, enquanto no Rio de Janeiro é em 31 de dezembro. São Paulo também tem sua própria data, em 12 de agosto.

Pai Elialdo ressalta que essa diversidade de datas reflete a popularidade de Iemanjá em todo o país. As celebrações deste ano iniciarão um dia antes, em 7 de dezembro, com a famosa “festa da Coroação”, no bairro do Valentina.

Estátua de Iemanjá, localizada na praia do Cabo Branco, em João Pessoa — Foto: Edcarlos Santana

No entanto, a Praça Mãe Iemanjá, localizada na praia de Cabo Branco, sofreu danos em 2016 devido a atos de vandalismo e aguarda restauração ou substituição. A prefeitura, apesar de autorizar a reforma em fevereiro, ainda não cumpriu com as promessas feitas.

Fontes revelaram que há pressão da bancada evangélica na Câmara Municipal de João Pessoa para impedir a restauração, gerando debates sobre intolerância religiosa.

O Povo PB

 

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