Engorda das praias de João Pessoa gera polêmica antes de sair do papel; entenda

Orla da Praia de João Pessoa — Foto: Edcarlos Santana/OPovoPB

Após declaração do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), sobre o projeto que visa o alargamento da faixa de areia na orla da capital paraibana está gerando polêmica entre parlamentares e especialistas. O debate chegou na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) e da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).

Segundo o gestor, o projeto prevê uma pista viária que liga o Cabo Branco à Ponta do Seixa por baixo, contornando assim a Falésia do Cabo Branco. Também está no projeto alagar toda faixa da praia de Manaíra entre o Hotel Tambaú e o Mag Shopping e ainda a área do Caribessa. A construção de uma terceira via na avenida paralela à praia, o alargamento da calçadinha e a transferência da ciclovia para depois da calçada. Ele promete também uma marina em Tambaú, próximo de onde está o Mercado de Peixe.

“Vai ter também papel de estabilizar e evitar que o mar bata na barreira do Cabo Branco. Mas isso não será um projeto isolado. Ele também terá a oportunidade de reconstruir a barreira. Nós vamos estabilizar a barreira e reconstruir parte dela”, declarou Cícero.

As areias para toda essa engorda, ainda segundo ele, viriam do fundo do mar, e seriam bombeadas para a costa. O prefeito diz que serão respeitadas a mesma granometria que existe na orla. Granometria, no caso, é uma unidade de medida que calcula o diâmetro dos grãos de areia de dado solo.

Conforme o secretário de Infraestrutura de João Pessoa, Rubens Falcão, a obra está avaliada em até R$ 200 milhões. Cícero Lucena, contudo, explica que vai ter a parceria do Governo da Paraíba. Que todas as obras de reurbanização da cidade custariam R$ 400 milhões, sendo que desse valor R$ 240 milhões sairiam do Estado e R$ 160 milhões da Prefeitura. Ele pondera, contudo, que esse valor não inclui apenas as obras na orla, mas também parques públicos nos bairros de Aeroclube, Bancários e Cuiá.

Especialista recomenda estudos

Pesquisadores ligados à área ambiental estão preocupados com o projeto de ‘engorda das praias’ e pedem estudos mais aprofundados antes de qualquer tipo de intervenção.

“Vai se fazer alguma benfeitoria, que com o mar vai desmanchar a curto tempo”, disse Gilberto Pekala, oceanólogo.

Impactos na vida marinha

Um dos impactos da obra também está, por exemplo, na conservação das tartarugas marinhas, que usam as praias de João Pessoa e Cabedelo para reprodução.

“A gente tem essa preocupação porque vai ser um impacto direto na área reprodutiva. Do final de Manaíra até o começo de Cabedelo, temos área de monitoramento de ninhos. Só nesta temporada de 2023 já foram 19 localizados. Além disso, o alargamento pode ter impacto também nos recifes costeiros, que são a área de alimentação das tartarugas”, explica Danielle Siqueira, presidente da Associação Guajiru, organização sem fins lucrativos que busca promover a conservação das tartarugas marinhas no litoral do Estado da Paraíba.

Debate na CMJP e na ALPB:

O debate chegou na casa legislativa do município e divide opiniões

“Esse projeto é importante, considero extremamente complexo, mas deve ser debatido aqui na Casa do povo”, disse o vereador Marmuthe.

O projeto será tema de audiência pública na Assembleia Legislativa da Paraíba, proposta pela deputada Cida Ramos (PT).

“O prefeito Cícero Lucena quer empurrar seu projeto de engorda das praias de João Pessoa sem ouvir a população. Nós queremos a discussão com técnicos, com especialistas. Estamos convocando diversos profissionais da área para discutir. Queremos a presença da prefeitura para apresentar o projeto e para ouvir o que os especialistas pensam sobre isso”, disse Cida.

Cícero destaca que os estudos técnicos já estariam em curso e que a previsão é que as obras sejam iniciadas em dezembro deste ano.

Alargamento de praias de João Pessoa inclui pista contornando a Falésia do Cabo Branco, diz prefeito

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