Juíza diz que determinou atendimento psiquiátrico para “Vaqueirinho”, mas admite que faltou acolhimento: “Houve omissão do poder público”

1 dez 2025 - Paraíba / Política

Titular da 2ª Vara de Garantias, a juíza Conceição Marsicano — Foto: Divulgação

A juíza Conceição Marsicano, titular da 2ª Vara de Garantias de João Pessoa, afirmou nesta segunda-feira (1º), em entrevista à CBN João Pessoa, que determinou atendimento psiquiátrico e acolhimento adequado para Gerson Melo Machado, o “Vaqueirinho”, mas reconheceu que o jovem não recebeu o suporte necessário. Gerson, de 19 anos, morreu no domingo (30) após invadir o recinto dos leões no Parque Arruda Câmara (Bica) e ser atacado por uma leoa.

Diagnosticado com transtornos mentais e com diversas passagens pela polícia, Gerson esteve internado no Presídio do Róger por furto, mesmo sem ter passado por avaliação psicossocial inicial, segundo a magistrada.

“Ele precisava de acolhimento, e isso não aconteceu”

A juíza afirmou que o primeiro encaminhamento do caso foi para avaliação psicossocial, seguida de decisão que determinava acolhimento psicológico. No entanto, segundo ela, essa etapa não foi cumprida de maneira adequada pelos órgãos responsáveis.

“Quando tomei conhecimento, ele estava no presídio sem ter feito exames e nenhuma avaliação. Havia uma omissão evidente”, disse.

Após obter um laudo que atestava transtornos mentais, a magistrada retirou Gerson do presídio e o encaminhou para o CAPS AD, que, segundo ela, deveria ter acolhido o jovem em caráter excepcional, o que não ocorreu.

Conceição Marsicano relatou ainda dificuldades em obter informações sobre vagas em unidades terapêuticas do estado e do município.

“Eu já mandei perguntar e não tive resposta. É preciso que os gestores tenham essa resposta. Ele precisava seguir para outra fase do tratamento, mas não havia clareza sobre a disponibilidade de vagas”, afirmou.

Gerson tinha um histórico de extrema vulnerabilidade social, transtornos psiquiátricos e abandono familiar. Após atingir a maioridade, ficou sem acolhimento institucional, passando a viver nas ruas.

A juíza reforçou que houve falha na rede de proteção e que o caso evidencia a necessidade de aprimorar a política pública de saúde mental.

“O que faltou foi acolhimento. Não apenas uma decisão judicial, mas a efetivação dela”, concluiu.

O POVO PB.

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