Mãe de menino autista morto pelo pai em João Pessoa diz que deixou tudo preparado para a estadia do filho: “Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer”

3 nov 2025 - Paraíba

Mãe de menino autista morto pelo pai em João Pessoa diz que deixou tudo preparado para a estadia do filho: “Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer” — Foto: Reprodução

A mãe do menino Arthur Davi Velasquez, de 11 anos, que foi encontrado morto no último sábado (1º), em João Pessoa, relatou que havia deixado tudo pronto para o filho passar alguns dias com o pai, Davi Piazza Pinto, principal suspeito do crime. O caso chocou a Paraíba e mobiliza as polícias civil e militar.

O crime aconteceu na sexta-feira (31), mas só veio à tona no domingo (2), quando o pai confessou à ex-esposa ter matado o filho e informado o local onde havia enterrado o corpo, uma área de mata no bairro Colinas do Sul, na zona sul da capital. Davi foi preso em Santa Catarina, após se apresentar espontaneamente à polícia.

Durante o enterro da criança, no Cemitério do Cristo Redentor, nesta segunda-feira (3), a mãe, Aline Lorena, emocionada, contou que preparou toda a estadia do filho e alertou o pai sobre os cuidados que a condição do menino exigia.

“Tudo foi muito combinado. A gente conversou, eu sentei com ele. Um dia antes eu expliquei: ‘o Arthur é assim, ele come assim’. Eu passei no mercado, comprei o que ele gostaria de comer, arrumei a roupinha dele, falei: ‘ele vai viajar com tal roupa, tem o fone abafador’. Como ele é uma criança autista, pode ser que se irrite no caminho, mas pedi para me avisar. Ele tem os horários dele, as coisinhas dele”, relatou Aline.

Segundo a mãe, Davi viajou de Santa Catarina até João Pessoa afirmando que queria reaproximar-se do filho e “ajudar nos cuidados”. O encontro entre pai e filho ocorreu na sexta-feira, no bairro de Manaíra, Zona Leste da cidade.

“Deixei tudo certo. Dei banho, alimentei o menino e quis ficar mais um tempo, mas ele [o pai] disse: ‘pode ir que eu cuido, preciso conviver’. Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer. O Arthur foi uma criança incrível. Nasceu com 800 gramas, de cinco meses, e a gente batalhou a vida inteira por ele. O que aconteceu só cabe à Justiça agora”, desabafou.

De acordo com o delegado Bruno Germano, o pai teria asfixiado a criança dentro do apartamento onde estava hospedado em João Pessoa. Após o crime, ele teria colocado o corpo do menino em um saco plástico preto e o transportado em um carro de aplicativo até o local onde o enterrou.

“O pai esteve aqui [em João Pessoa] na quinta-feira. Na sexta, recebeu a criança para momentos em família. Ele tinha combinado com a mãe de levá-lo para Florianópolis. Ela começou a questionar sobre o filho e ele dizia que estava tudo bem, mas não enviava fotos. No domingo, arrependido, ligou dizendo que tinha matado a criança, revelou o local onde ocultou o corpo e se entregou à polícia”, explicou o delegado.

Causa da morte

O Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a causa da morte foi asfixia por sufocação. O laudo também identificou uma marca de queimadura no ombro, atribuída à exposição ao sol após a morte. Outros exames, como o toxicólogico, ainda estão em análise.

O corpo de Arthur foi liberado para sepultamento no domingo (2). O crime, classificado como homicídio qualificado e ocultação de cadáver, segue sendo investigado pela Polícia Civil da Paraíba.

Davi Piazza Pinto permanece preso em Florianópolis (SC) e deve ser transferido para a Paraíba, onde responderá pelo crime.

O POVO PB

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