Mãe denuncia erro médico em cirurgia de hérnia em João Pessoa; CRM abre sindicância

14 ago 2024 - Paraíba

Cirurgia de hérnia inguinal deveria ter sido realizada do lado direito, porém procedimento foi feito do lado esquerdo; foto mostra guia do procedimento e documento da alta do paciente — Foto: Reprodução

A cuidadora Aliny Correia, mãe de um menino de oito anos, denunciou ao Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) um erro médico ocorrido durante a cirurgia de hérnia inguinal de seu filho no Hospital Municipal Valentina, em João Pessoa. Segundo a denúncia, a cirurgia, que deveria ser realizada no lado direito do corpo, foi feita no lado esquerdo. Em nota, o CRM informou que instaurou uma sindicância para investigar o caso.

A situação teve início no final de fevereiro, quando a criança apresentou uma infecção intestinal. Exames realizados em um hospital particular identificaram a presença de uma hérnia inguinal, caracterizada por uma saliência e dores na região da virilha, decorrentes de um ponto fraco na musculatura da parede abdominal inferior.

Devido ao período de carência do plano de saúde da criança, a família optou por realizar a cirurgia no Hospital Municipal Valentina (HMV). “Ele entrou na cirurgia às 9h, e às 9h45 a médica informou que a operação havia sido um sucesso”, relatou Aliny Correia. No entanto, ao verificar o curativo após a cirurgia, a mãe percebeu que ele estava no lado esquerdo do corpo, enquanto a hérnia diagnosticada permanecia no lado direito.

A tentativa de realizar um ultrassom no mesmo dia foi frustrada pelo desconforto da criança. Apenas após a cicatrização foi possível realizar uma tomografia pélvica, que confirmou a presença da hérnia do lado direito, indicando que o procedimento cirúrgico não havia sido realizado no local correto.

Uma Comissão de Ética Médica do Hospital Valentina analisou o caso e concluiu que não houve erro médico, arquivando o processo. No entanto, o secretário de Saúde do Município, Luis Ferreira Filho, declarou em entrevista à TV Cabo Branco que a gestão municipal e a direção do hospital discordam da conclusão da Comissão e encaminharam o caso ao Conselho Regional de Medicina. Segundo o secretário, uma sindicância interna também foi instaurada.

“Nós iremos até as últimas instâncias para determinar a responsabilidade por esse procedimento inadequado. Estamos comprometidos em oferecer todo o suporte necessário à criança, que já passou por um momento de estresse e agora precisará ser submetida a uma nova cirurgia, desta vez no lado correto da hérnia”, afirmou Luis Ferreira Filho.

A médica responsável pela cirurgia foi inicialmente afastada e, posteriormente, entrou em licença maternidade. O CRM-PB será o órgão responsável por conduzir a investigação, e, caso sejam encontrados indícios de infração ao código de ética médica, poderá ser aberto um processo ético-profissional. As punições variam de uma advertência simples até a cassação do registro médico, nos casos mais graves.

O presidente do CRM-PB, Bruno Leandro de Souza, destacou que o público pode realizar denúncias diretamente na sede do Conselho em João Pessoa, ou nas delegacias em Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, além de enviar denúncias por e-mail.

Até a última atualização desta matéria, na quarta-feira (14), a criança ainda não havia sido submetida à cirurgia correta. A mãe informou que pretende esperar o fim do período de carência do plano de saúde para realizar o procedimento em uma unidade particular.

O POVO PB com TV Cabo Branco

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