O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para derrubar o marco temporal, nesta quinta-feira (21), com o voto do ministro Luiz Fux, seguido pela ministra Cármen Lúcia, que também acompanhou a maioria. O placar está em 7 a 2 para dar fim à tese jurídica que limita a demarcação de terras indígenas.
STF forma maioria para derrubar o marco temporal das terras indígenas
21 set 2023 - Brasil - Mundo
STF forma maioria para derrubar o marco temporal das terras indígenas — Foto: Divulgação
Na prática, o marco temporal define que demarcações de novas terras indígenas só seriam aceitas com a comprovação de que esses povos já ocupavam a terra quando a atual Constituição entrou em vigor, em 5 de outubro de 1988.
Com o voto de Fux, sete ministros acompanharam o voto do relator, o ministro Edson Fachin, quando, ainda em 2021, defendeu que a Constituição reconhece o direito de permanência desses povos, independentemente da data da ocupação.
Além do Fux e Cármen Lúcia, Fachin foi seguido pelos ministros Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e, parcialmente, por Alexandre de Moraes, que propôs uma tese intermediária. Já os ministros Nunes Marques e André Mendonça foram favoráveis ao marco temporal.
Indenização de produtores
Moraes sugeriu a possibilidade de indenização prévia a fazendeiros que tenham ocupado, de boa-fé, territórios reconhecidos como de tradicional ocupação indígena, pelo valor das benfeitorias e das terras em si, que hoje não são indenizadas. A decisão vai valer para outras 226 ações na fila de julgamento.
A Advocacia Geral da União (AGU) afirmou que a indenização prévia a quem ocupou terras indígenas geraria um “gasto incalculável” e poderia atrasar o processo de destinação do território.
Voto de Mendonça
Mendonça apresentou dados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) que apontam crescimento da população indígena na contramão da população em geral. Citou que as mais de 700 áreas já demarcadas representam 13,75% do território brasileiro e defendeu que o marco temporal garantirá segurança jurídica no campo.
Debate no Congresso
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, senadores discutem uma proposta sobre o mesmo tema. Após aprovado, em julho, pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei que estabelece o marco temporal também está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A votação ocorreria na última quarta-feira (20), mas foi adiada.
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