Suspeito de fraude em concurso da Polícia Federal já havia sido preso na Operação Gabarito em 2017, aponta investigação

8 out 2025 - Paraíba

Central de Polícia Civil em João Pessoa — Foto: Edcarlos Santana

Um dos investigados pela Polícia Federal por participação em um esquema de fraudes em concursos públicos é Luiz Paulo Silva dos Santos, natural de Patos, no Sertão da Paraíba. Conhecido como “Baby 10”, ele já havia sido alvo da Operação Gabarito, deflagrada em 2017, que desarticulou uma organização criminosa responsável por fraudar 98 concursos em todo o país.

Segundo a Polícia Federal, Luiz Paulo é suspeito de envolvimento em mais de 67 certames e aparece novamente como uma das figuras centrais da quadrilha familiar investigada este ano, liderada pela família Limeira. O grupo é acusado de cobrar até R$ 500 mil por vaga, utilizando tecnologia de ponta para burlar os sistemas de segurança das bancas examinadoras — entre os métodos, estavam o uso de dublês, pontos eletrônicos implantados cirurgicamente e comunicação em tempo real durante as provas.

Durante entrevista, o delegado Lucas Sá, responsável pela Operação Gabarito, lembrou que Luiz Paulo quase chegou a assumir o cargo de delegado da Polícia Civil de Pernambuco, após ser aprovado em concurso público, caso não tivesse sido preso.

“Na época, ele foi aprovado para o cargo de delegado da Polícia Civil de Pernambuco. E se não tivéssemos prendido ele, teria ido para o curso de formação e seria nomeado delegado”, destacou o delegado.

Lucas Sá contou ainda que os próprios integrantes da quadrilha zombavam do fato de Luiz Paulo quase ter se tornado delegado, já que ele não possuía o grau de instrução exigido.

“Eles brincavam entre si dizendo: ‘imagina o Baby 10 delegado’, e riam disso. Foi uma prisão fundamental, não só por ele ser uma peça importante no esquema, mas também para evitar que alguém sem formação assumisse um cargo de tamanha responsabilidade”, completou.

Esquema sofisticado e atuação em todo o país

De acordo com as investigações, Luiz Paulo atuava como “executor” dentro da organização criminosa: ele comparecia aos locais de prova com documentos falsos, fotografava as questões e enviava as imagens para um “quartel-general” — onde uma equipe resolvia as perguntas e retransmitia as respostas para os candidatos beneficiados.

As fraudes começaram a ser descobertas após denúncias de irregularidades em um concurso do Ministério Público do Rio Grande do Norte. Com as investigações, 19 pessoas foram presas, e a base de operações do grupo foi identificada em João Pessoa.

Na operação mais recente, deflagrada pela Polícia Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e efetuadas prisões dos líderes da quadrilha, incluindo o mentor das fraudes. Segundo a PF, os crimes vinham sendo praticados há mais de uma década.

Concursos afetados

O esquema teria atingido provas da Polícia Federal, Caixa Econômica Federal, Polícia Civil e Militar da Paraíba, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Banco do Brasil e até o Concurso Nacional Unificado (CNU).

Os valores cobrados variavam conforme o cargo e o grau de dificuldade do concurso. Além de dinheiro, o grupo também aceitava ouro, veículos e até procedimentos odontológicos como forma de pagamento, segundo os investigadores.

A Polícia Federal reforçou que as apurações continuam e que novas prisões podem ocorrer nos próximos dias.

O POVO PB

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