Caso Hospital Padre Zé: revelações de ex-funcionário desencadeiam inquérito sobre escândalo de corrupção
22 out 2023 - ParaíbaAs chocantes revelações do ex-funcionário do Hospital Padre Zé, Samuel Segundo, continuam a ecoar pelas redes sociais. Suas declarações incisivas lançam uma sombra de suspeita sobre figuras proeminentes, mais notavelmente o ex-diretor geral da instituição, o padre Egídio de Carvalho Neto.
No entanto, apesar do alarde gerado por suas afirmações, muitos dos detalhes fornecidos por Samuel não são o ponto focal da investigação em andamento, liderada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO). Embora esses aspectos sejam examinados minuciosamente, não são o epicentro das investigações.
Os investigadores concentram-se em alvos e situações que consideram mais prementes e cruciais para o caso. Isso inclui uma investigação sobre o destino de milhões de reais em recursos públicos destinados à instituição nos últimos anos na Paraíba. Também sob escrutínio está como foram adquiridos imóveis de luxo, bens sofisticados e a vida ostensivamente requintada que aparentemente destoa do cargo ocupado pelo religioso.
Segundo um levantamento, nos últimos cinco anos, a instituição recebeu aportes substanciais, totalizando R$ 290 milhões em emendas e programas direcionados ao hospital e às atividades de assistência social que ali ocorrem. Os investigadores têm se debruçado sobre o paradeiro desse montante, bem como sobre as doações privadas, cuja aplicação tem gerado inquietação. Outro ponto de interrogação é o montante de R$ 13 milhões provenientes de empréstimos concedidos às entidades. A revelação do uso desses recursos pode, num futuro próximo, implicar mais indivíduos na investigação.
Quanto ao depoimento de Samuel, alguns aspectos se destacam. Ele está sendo investigado pelo desaparecimento de dezenas de aparelhos celulares doados à instituição, mas sustenta que não houve “furto”, mas sim a venda de parte dos aparelhos a mando do padre Egídio. Samuel Segundo alega estar sofrendo ameaças de morte e, por essa razão, resolveu dar seu testemunho. Além disso, ele afirma que um Jeep Compass, supostamente negociado entre o ex-diretor do hospital e a Arquidiocese da Paraíba, pode ter sido doado em troca da permanência do padre no comando das entidades. A Arquidiocese nega veementemente essa versão.
Documentos como uma nota fiscal e um comprovante de transferência bancária, apoiam a posição da Arquidiocese. A transferência no valor de R$ 165,8 mil para a conta do padre Egídio ocorreu em 1º de julho de 2021. No entanto, a natureza dessa transação ainda levanta questionamentos. Como pode um padre, cujo papel é dedicado ao trabalho social com os necessitados, justificar a posse de um veículo de luxo? Essa questão se estende aos imóveis que também estão sob investigação.
A defesa do padre Egídio, em nota à imprensa, recusa-se a comentar as declarações de Samuel Segundo. Afirmam que desde que soube de sua investigação, o padre se colocou à disposição para colaborar com as autoridades e que aguarda ansiosamente a oportunidade de prestar seu depoimento oficial perante as autoridades competentes.
OPovoPB
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